domingo, 30 de março de 2008

fajãs


FAJÃS



As fajãs são as mais belas esmeraldas cravejadas de pérolas nas nossas ilhas. Aí o silêncio é mais que ouro, o vento apenas sussurro, a vida é celestial. Aqui, a fajã é o refúgio dos que vivem diariamente nas cidades e vilas da ilha. Procura-se aí maior acalmia do que a que se vive diariamente onde se trabalha. Preparam-se os mimos torrando o café que se cultiva, saboreando o magnífico inhame que quase espontâneamente cresce e se dá por toda a ilha, corta-se uma banana ao cacho que orgulhosamente as sustenta e vai-se ao banho, partilhando com o mar e o sol a riqueza da terra. E quando se tem forno, coze-se o pão de milho, porque o trigo escasseia, assam-se batatas doces e o peixe acabado de pescar.

É assim a vida nas fajãs.


Eu, habitualmente muito comunicativa, páro para ouvir melhor o que Deus me transmite, através destes seres. A altura da elevação que atrás de mim surge, é a ânsia de quem, cada vez mais, quer viver. De espanto emudeço perante tal beleza, tal paz, tal sentir! Os melros espreitam-me; os pardais auscultam-me pela hora da merenda. Coitados! Esperam pelo manancial caído das nossas mãos e boca, para se deliciarem, como eu, com tal pureza.

E assim


Logo uma pedra em mesa transformada

logo as folhas da vinha justapostas

me servem de toalha.

É saboroso e raro o pão caseiro

acompanhado com figos;

refrescou-os a noite sossegada

e dispensam qualquer pequeno estágio frigorífico.


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Feita de planícies de esmeraldas cheias

aureolada de pérolas, quais habitações,

joalheiro eu fosse, se Deus pudesse ser

e enquadra-te num fundo de emoções.

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