De: António Feijó
HAMLÉTICA
Tenho aqui neste dedo o teu anel, Maria
Adelaide Pereira!
Doce recordação desse inefável dia
Em que eu beijei teu rosto lívido de freira.
Teu rosto lívido de freira... Ah! Que poesia!
Na angústia derradeira
Quando eu me separei dos teus braços
Maria Adelaide Pereira!
Ouço-te ainda: _ " A tua pálida Maria
Adelaide Pereira,
louca de dor, é freira de sonho e nostalgia
vai para o claustro! Hamlet! Ofélia é quase freira..."
Demos, então, as mãos... surdo rumor se ouvia.
Do bobo Yarik ria a singular caveira!
E ria-se de nós, do nosso amor, Maria
Adelaide Pereira.
É forçoso partir... Adeus Maria
Adelaide Pereira!
Os teus nomes que têm mistério e liturgia,
Hei-de tê-los na boca a minha vida inteira!
Lembro-me bem, era sol posto, o céu violáceo,
E, sobre a areia, a espreguiçar-se, o Lima...
Com que tristeza tu disseste: _ " Adeus Inácio
D'Abreu Lima!"
Nota: António Feijó, viveu entre 1859 e 1917. Foi cônsul na Suécia onde casou e onde viveu muito da sua vida.
Como pontelimense nunca esqueceu a sua terra e o rio Lima que tanto amou.
Etiquetas: poesia
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial