sexta-feira, 1 de agosto de 2008

De: António Feijó


HAMLÉTICA


Tenho aqui neste dedo o teu anel, Maria

Adelaide Pereira!

Doce recordação desse inefável dia

Em que eu beijei teu rosto lívido de freira.


Teu rosto lívido de freira... Ah! Que poesia!

Na angústia derradeira

Quando eu me separei dos teus braços

Maria Adelaide Pereira!


Ouço-te ainda: _ " A tua pálida Maria

Adelaide Pereira,

louca de dor, é freira de sonho e nostalgia

vai para o claustro! Hamlet! Ofélia é quase freira..."


Demos, então, as mãos... surdo rumor se ouvia.

Do bobo Yarik ria a singular caveira!

E ria-se de nós, do nosso amor, Maria

Adelaide Pereira.


É forçoso partir... Adeus Maria

Adelaide Pereira!

Os teus nomes que têm mistério e liturgia,

Hei-de tê-los na boca a minha vida inteira!


Lembro-me bem, era sol posto, o céu violáceo,

E, sobre a areia, a espreguiçar-se, o Lima...

Com que tristeza tu disseste: _ " Adeus Inácio

D'Abreu Lima!"


Nota: António Feijó, viveu entre 1859 e 1917. Foi cônsul na Suécia onde casou e onde viveu muito da sua vida.

Como pontelimense nunca esqueceu a sua terra e o rio Lima que tanto amou.

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