domingo, 23 de novembro de 2008

Flores primeiras


OS FADOS (3)
O PIERROT Letra: João Linhares BarbosaMúsica: Alfredo Marceneiro



Naquele dia de entrudo, lembro bem Um intrigante Pierrot, da cor do céu Um ramo de violetas, pequeninas Á linda morta atirou, como um adeus
Passa triste o funeral, é duma virgem Mas ao povo que lhe importa, aquele enterro Que a morte lhe passa á porta, só por ele Em dia de carnaval, e de vertigem .
Abaixo a máscara gritei, com energia: - Quem és tu grossseiro que ousas, profanar Perturbar a paz das lousas, tumulares E o Pierrot disse não sei, que não sabia
Sei apenas que a adorei, um certo dia Num amor todo grilhetas, assassinas Se não vim de vestes pretas, em ruínas Visto de negro o coração, e resoluto
Atirou sobre o caixão, como um tributo Um ramo de violetas, pequeninas Atirou sobre o caixão, como um tributo Um ramo de violetas, pequeninas.
"... Regressarás, eu sei.
Ao cair da tarde,
com teu ramo de violetas acenderás o meu jardim."
José Agostinho Baptista
Já tenho violetas no meu jardim a espreitarem e sobressairem das suas cordiformes folhas. A singeleza desta beleza contraria a opulência de outras. Eu gosto da sua pequenez sentida, eu gosto do tom roxo e verde da sua roupagem, eu gosto do meu jardim onde começam a florir camélias com sonhos de menina, anémonas coloridas, estrelícias de fogo e jarros brancos. Mas hoje, hoje no meu jardim, são rainhas as violetas.


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